sábado, 28 de outubro de 2023

Entre vinhos e coxinhas de jaca


Era uma noite não muito fria e havia uma lua linda no céu, que combinava com o nome do bar, assim como combinava comigo e combinava com você.

E nós combinamos de nos ver ali.

O cenário de paz camuflava o verdadeiro caos interno ao enfrentar uma decisão de vida que mudaria tudo.

Estar ali me fez lembrar que a vida ainda podia ser bonita e gostosa de viver.

Eu já gostava de você, mas não imaginava nada além de uma verdadeira amizade.

De repente, entre vinhos e coxinhas de jaca eu me vi sorrindo ao ler uma mensagem, foi então que eu soube que havia mais.

Relembrar cada detalhe é reviver a descoberta do que eu sentia.

Parecia tudo errado, mas como podia ser errado se eu sentia meu coração aquecido?

Como podia ser errado se eu podia sorrir mesmo estando triste?

Como podia ser errado se me trazia paz?

Não era o momento certo, nem ideal, mas como podia não ser se a lua estava tão cheia, iluminada e linda?

Parecia confuso e incerto, mas como poderia ser se quando nos abraçamos nossos corações bateram juntos e senti vontade de morar naquele momento?

Uma combinação perfeita pra dar errado, mas como poderia dar errado quando nossos corpos entrelaçados se encaixam tão perfeitamente?

Como posso redescobrir sentimentos de amor e paixão quando no momento tudo que eu queria era esquecer tais sentimentos?

Como traduzir em palavras tudo que é dito com os olhos? Como definir o sentimento que exala pelos poros, inunda a alma e reflete em sorriso bobo?

Como pode isso tudo fazer sentido? Mas como poderia não fazer se faz sentir?

Entre tudo que poderia ter sido e tudo que poderá ser, temos tudo aquilo que realmente é: real.

O nosso som.


Se me perguntarem no que eu acredito, eu direi que acredito no que sinto, não sei se é sobre intuição, religião ou astrologia, mas se eu sinto eu acredito.

Assim quando ouvi seu nome pela primeira vez, sem nem ao menos te dar um rosto, uma voz ou personalidade algum sino tocou e eu não entendi que sentido podia fazer, mas algo eu senti.

Bem como quando conheci sua história, através de outras bocas, que te definiram como alguém não tão bom eu acreditei, embora não sentisse, e por não sentir permiti uma aproximação que fez querer estar mais perto a cada dia.

Se me perguntarem no que eu acredito, eu direi que acredito no que sinto, senti que te definiria pela minha ótica, e assim foram muitas horas de conversas sobre nossas vidas, nossos gostos, nossas experiências e expectativas de vida. Trocamos ideias e músicas e nos conectamos. Definimos nosso som, aquele em que lembraríamos um do outro, e você me fez prometer que quando tocasse nosso som cantaríamos juntos.

Minha vida passou por momento de turbulência e caos e você estava lá, um pontino de luz que tudo iluminava. Sempre presente, e cada vez mais próximo.

Inevitavelmente nasceu um amor.

Se me perguntarem no que eu acredito, eu direi que acredito no que sinto, e senti algo que nem me lembrava mais que existia, voltei a acreditar em sentimentos que pareciam até então estar extintos. Me senti meio boba de tão feliz e me entreguei a esse sentimento.

Toda entrega gera vulnerabilidade e de repente me vi sem mais nenhuma defesa, exposta, como se qualquer coisa pudesse me atingir e me afetar.

Foi então que senti que suas horas de conversas já não eram canalizadas a mim, quando enviar músicas parecia não mais ter sentido, quando o querer estar perto já não era o fator mais importante a ser considerado e também foi quando finalmente nosso som tocou e você não estava lá.

Ainda que eu te reconheça e reconheça nossos sentimentos quando te olho nos olhos, ainda assim há abismos onde só haviam conexões.

E de repente o silêncio se tornou o nosso som.

terça-feira, 26 de setembro de 2023

A fraqueza que me fez forte

Ser forte, é nunca assumir o papel de vítima, é não precisar de abraço ou abrigo. E como poderia ser diferente? Se mesmo quando era o elo mais frágil, sendo uma criança, teve de agir e ser o elo mais forte a fim de sobreviver, e sendo o elo mais forte não tinha abraço e nem abrigo. Ser forte era fingir que estava tudo bem. Precisava ir a escola e fingir que não tinha passado a noite em claro, precisava fingir que não vivia 24 horas do seu dia com medo, não queria que ninguém soubesse de toda violência, de toda violação. É solitário ser forte. As pessoas te dispensam em prol do elo mais fraco, afinal sua exposição ao mundo é de fraqueza e dependência. Não há solidariedade para as dores invisíveis e silenciadas. Ser forte dói e é exaustivo. Ser forte é murmurar a dor enquanto a fraqueza grita. É sorrir com os olhos enquanto chora o coração. Ser forte é silêncio, é solidão, é não ter abraço e não ter abrigo. É ter de ser abraço e ser abrigo enquanto por dentro se é abismo.

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Depressão, ela pode pegar você!


Esse é um texto que escrevi em 2009.

Dia típico, relógio desperta na cabeceira da minha cama, aquele som agudo continuo me tira dos meus sonhos, depois de alguns segundos, abro meus olhos e percebo o que está acontecendo.
Estou viva!

Mais um dia está começando, levanto meio sonolenta, lavo meu rosto, me olho no espelho e não reconheço aquela imagem.

Pego qualquer roupa, porque nenhuma me agrada mesmo e sigo para meu trabalho.

Em frente ao computador digito, digito, digito, faço algumas contas, respondo e-mails, atendo algumas ligações, e de repente me perco em meus devaneios, fico ali, imóvel, com um olhar fixo e perdido, somente meu corpo presente.

Ouço alguém me chamando, essa voz me traz de volta, é alguém me perguntando alguma coisa que nem presto atenção, simplesmente respondo que não sei.

De volta me pergunto, qual o sentido disso tudo?

O que estou fazendo aqui?

Por que tenho que estar aqui?

Me sinto uma idiota aqui sentada, digitando, lendo, calculando. É isso que eu faço, mas por quê?

Não quero fazer isso.

O relógio parece ir contra minha vontade como se estivesse rindo do meu desespero, insiste em não andar, me torturando cada vez mais.

Ufa. Hora de ir embora.

Chego em casa fico ali parada. Do mesmo jeito que cheguei, só esperando, pensando, perdida dentro de mim mesma.

Opa, dessa vez o relógio correu, tenho que ir para a aula.

Cheguei, sento-me ali, naquela mesma cadeira, sim, na mesma há 3 anos.

Fico ali olhando pra aquela figura a frente da sala a qual denominamos professor, ele fala, escreve, faz umas piadinhas sem graça, e estou ali, sentada olhando pra ele. Para que? Por que?

Não quero saber do que ele está falando.

Não quero estar ali!!!

Sem paciência nenhuma, junto minhas coisas e vou embora.

Fico rodando, sem vontade, volto pra casa e vou pra cama.

Quero dormir, quero que este dia acabe logo, mas se ele acabar logo, significa que amanhã terá um outro, inteiro, com todas aquelas horas!

Não!

Quero ficar aqui, na minha cama, quietinha, não quero ver ninguém, não quero sair daqui, não quero trabalhar, nem estudar, quero dormir e sonhar.

Estou protegida nos meus sonhos.

Quero uma noite eterna!!

O sono não vem, saio, encontro umas pessoas que falam de si, falam dos outros, ouço bastante e falo pouco, tomo uma cerveja, mais uma, de repente me sinto melhor.

Uma vodca, humm agora sim, já consigo contar uma piada e cair na gargalhada com qualquer bobagem, uma dose de uísque, poxa quanta gente interessante neste lugar, eu poderia morar aqui.

As horas passam depressa, mais um ou dois drinques, que fantástico, tenho tanto a dizer, são tantas as risadas, é tudo tão divertido, minha barriga dói de tanto rir.

Hora de ir embora, poxa que triste, despedida com promessa de marcar a próxima.

Volto pra casa e durmo sem nenhuma dificuldade a noite toda!

Ai, minha cabeça dói, esse relógio desperta cada dia mais alto, o som agudo parece facadas em minha cabeça.

Hora de levantar?

Não!

Estou com sede, dor de cabeça e sono. Outro dia daqueles não!

Quero ficar aqui até anoitecer, depois voltar para aquele bar, reencontrar aquelas pessoas, tomar algumas doses, voltar e dormir...

Dormir até o dia em que eu for consumida pelos meus sonhos e não mais acordar!

domingo, 25 de outubro de 2015

Os príncipes

E eu preciso confessar que o tempo todo eu estive errada, todas as vezes que amaldiçoei os contos de fadas e repeti que príncipes não existiam. Sim, eles existem. Mas não pensem que eles andam por aí vestidos de gala, montados em seu alazão branco. Nada disso! Eles estão por aí de all star e algumas vezes usam crocs. Eles não fazem serenata na janela, nem declarações sob a luz do luar, não dizem sempre as palavras exatas, não acertam sempre, nem mesmo são perfeitos. Eles vão te fazer chorar. E acreditem, eles roncam. Mas eles vão fazer você rir até perder o ar, vão cozinhar pra você, vão deixar você dirigir o carro deles, eles vão pedir pra você usar o cinto de segurança, vão te segurar pela cintura quando você for atravessar a rua, eles vão comprar seu chocolate preferido quando forem ao mercado, eles vão contar historinhas quando você pedir, vão te abraçar quando você estiver de TPM, vão fazer cafuné quando você não conseguir dormir, eles vão rir do seu ciúme... Os príncipes existem e quando eles chegam, todo o resto, se torna nada. A vida tem novo ponto de partida e o "felizes para sempre" se repete todos os dias.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Sobra Tanta Falta...


- Você sente falta dele?

- Não, sinto falta da vida que nós tínhamos. Sinto falta de acharmos graça nas mesmas coisas, de rir até a barriga doer, sinto falta do tanto que ríamos juntos, a gente ria da gente, ríamos um do outro, das pessoas e situações.

Sinto falta de quando fazíamos poesia juntos, de inventar músicas, histórias, inventar um novo vocabulário, novas danças, caretas e sorrisos.

Sinto falta das noites em claro conversando, o assunto que nunca acabava. Sinto falta do abraço que encaixava, aconchegava, enchia a alma de paz, era meu lugar preferido no mundo inteiro.

Sinto falta de me perder em um olhar.

Sinto falta do colo que me esperava todo final de dia sempre com um cafuné, e eu pedia para que ele falasse comigo e isso sempre virava uma briga porque ele achava que eu queria que ele confessasse algum crime e em seguida tudo virava risos.

Sinto falta de querer dividir todas as novidades.

Sinto falta de compartilhar a antítese de amar comer e malhar, de gostar muito de cerveja e viver evitando beber.

Sinto falta de não caber em mim de tanta felicidade, falta de olhar pra alguém e me perguntar se era possível amar tanto assim.

Sinto falta de olhar nos olhos e viver me questionando se um dia iria encontrar alguém que pudesse ser mais bonito.

Eu sinto falta do som do violão, da voz bonita, das lutas na TV...

Sinto falta de sonhar com casas, jardins, jukebox, adegas, lareiras e meia luz.

Sinto tanta, mais tanta falta de não sentir falta....

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

1, 2, 3 e já!


Sexta feira...

Hoje é sexta, e onde estão nossos planos? Já passou da metade do dia e ainda não discutimos sobre o que vamos comer hoje a noite. E nem vamos, né?

Engraçado, você sempre ria quando eu dizia "né" e aí me perguntava: "né" quer dizer sim?

Quanto tempo falta pro dia em que as coisas do mundo vão parar de girar em torno de você? Quando todas as coisas deixarão de ser uma lembrança sua? Será que um dia vou ter coragem de abrir novamente a nossa caixa, os -emails ou o coração?

Nós temos uma coleção interrompida de bolachas pro chopp, de "mexedor" de caipirinha e de sentimentos bons....

Temos tudo em comum e nada a ver...Não temos nada, e será que um dia já tivemos?

Eu criei, inventei uma história pra gente, inventei um sentimento, eu inventei você. E isso tudo agora, será real ou invenção?

Mas cadê minha inspiração pra recriar os sentimentos, as histórias e as pessoas?

Você não é real, nunca foi real, é faz de conta, marmelada, ilusão. Então vou contar até três e quando eu abrir os olhos você terá ido embora levando tudo que é de mentira em sua mala, ficarei livre somente com as verdades, dessa vez para todo o sempre.

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2

3